4 de fevereiro de 2013

Filho de peixes...


Bruno Rezende tem o DNA do vôlei como herança genética e respira o esporte desde que se entende por gente. Filho do técnico Bernardinho e da ex-jogadora Vera Mossa, é um dos maiores levantadores do esporte no mundo e tem como expectativa estar no auge da carreira na Rio 2016, quando terá 30 anos. Nesta entrevista, Bruninho, como é chamado, conta como seus pais o influenciaram, fala da importância do patrocínio para o esporte e chama a atenção: o vôlei deveria ter mais espaço na TV aberta. Ele é o primeiro atleta olímpico agenciado pela 9ine.

Meio & Mensagem ›› Você é filho de um dos maiores nomes do vôlei mundial e de uma das maiores jogadoras que o Brasil já teve. Este DNA pesou para você?  Não pesa mais?
Bruno Rezende ›› Hoje em dia é mais tranquilo, mas no início tinha essa comparação. As pessoas sempre esperavam algo a mais de mim. Por ser filho de dois ex-jogadores, de duas pessoas sempre ligadas ao vôlei, tinham expectativa quanto ao meu desempenho, quanto ao que fazia e tal. Acho que a genética me influenciou e o fato de estar sempre com a bola de vôlei na mão, nos ginásios da vida, dentro de quadra. Mas não havia pressão em casa.

Meio & Mensagem ›› Nos jogos de Londres, logo após a conquista da medalha de prata, ver você chorando no pódio mexeu muito com o seu pai. Como é ter, simultaneamente, pai e técnico e ganhar ou perder ao lado dele?
Bruno Rezende ›› Não consigo ver desse jeito. Não o vejo como pai em quadra. Não fico mais ou menos feliz quando vencemos juntos. Até imagino que nossa família deve ficar. Tento não me emocionar de uma maneira diferente do que quando ganho um título sem ele.

Meio & Mensagem ›› O Rio sediará os próximos Jogos Olímpicos. O que você espera da cidade como sendo olímpica?
Bruno Rezende ›› Vamos recepcionar todos muito bem, é uma característica do brasileiro, do carioca. Somos um povo bem receptivo e esse é um ponto positivo. Espero que a gente consiga atender a todas as expectativas, principalmente em relação a transporte público. Londres tem uma malha de metrô impressionante e espero que estejamos preparados.

Meio & Mensagem ››  Onde você pretende estar em 2016?
Bruno Rezende ›› No meu auge. Estarei com 30 anos e uma experiência grande como levantador. Fisicamente, posso estar muito bem ainda. Será um dos momentos mais importantes da minha carreira, mais uma Olimpíada e no País. Minha busca é para isso.

Meio & Mensagem ››  O vôlei tem, no Brasil, o reconhecimento que merece da população e da mídia? 
Bruno Rezende ›› Por parte da população, tem aumentado nos últimos anos. Tem o reconhecimento, mas não consigo quantificar se está certo ou não. É o segundo esporte no Brasil e, sem dúvida, tem se tornado mais forte nos últimos anos. Na mídia, a seleção tem um reconhecimento interessante, mas, na época das competições de clubes, isso diminui. Poderia ter um campeonato brasileiro, como a Superliga, e ser transmitido também em um canal de TV aberta, e não só um jogo ou outro.

Meio & Mensagem ›› Você é um dos principais nomes do vôlei nacional e, com a internet, suas opiniões rapidamente viram notícias. O que acha da repercussão do que fala na mídia?
Bruno Rezende ›› Qualquer exposição de ideia ou opinião vem atona mesmo, muito forte. Há uns dois anos, as companhias aéreas começaram a cobrar a mais para quem queria sentar na saída de emergência. Achei um absurdo e coloquei no Twitter. No dia seguinte, estava em um grande jornal. Isso é complicado. Como as redes sociais e a internet, ganhamos uma maneira de nos expressar muito ampla e as pessoas nos acompanham. Tem de pensar na maneira como expõe seu pensamento. Não é como uma entrevista ao vivo. É mais importante saber se expressar para não criar qualquer ambiguidade.

Meio & Mensagem ›› Qual a importância dos patrocinadores para o desenvolvimento do vôlei?
Bruno Rezende ›› É importantíssimo. O vôlei não é como o futebol onde os clubes tem direito de imagem por meio da TV uma grande fatia de orçamento. Os times de vôlei sobrevivem com apoio de empresas privadas, com este tipo de apoio. Quando os patrocinadores querem expor a suas marcas, o vôlei tem uma visibilidade boa, com muitos jogos na tv fechada, com público grande. É importante ressaltar que um esporte lucrativo para a empresa que pretendem colocar sua marca na camisa de um clube ou time. O complicado é que, muitas vezes, não é uma relação duradoura. As empresas entram e ficam um ou dois anos, depois atingem a meta e saem. Atrapalha a incerteza de não saber se no próximo ano haverá uma equipe, por conta do patrocínio. Joguei em Florianópolis 9 temporadas e, este ano, a equipe de lá quase acabou. Depois de ter obtido 7 títulos nos últimos 10 anos. É complicado, ficamos com o pé atrás e dependendo das empresas privadas.

Meio & Mensagem ›› O que você acha da participação de atletas na publicidade?
Bruno Rezende ›› Se bem trabalhada, a imagem do atleta da um bom retorno para as empresas. O esporte tem haver com a saúde, são exemplos de pessoas bem-sucedidas. O atleta é bem visto pelas crianças e pelos jovens. Um atleta de ponta, que não tenha polêmica que envolva a sua imagem, pode se atrelar a uma marca e ajudar no seu crescimento. 

Meio & Mensagem ›› Já fez campanhas? O que leva em conta para aceitar fazer?
Bruno Rezende ›› Fiz para a Sky na última temporada. Também fiz para a Unilever. Um produto que teria dúvida de fazer seria bebida alcoólica. Querendo ou não, minha imagem é vinculada ao esporte, muitas crianças assistem. Não que eu não beba em momentos livres, mas não sei até que ponto seria viável ter a imagem atrelada à bebida alcoólica. Pensaria duas vezes. Já propaganda de cigarro não aceitaria nunca. Isso é 100% certo. 

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