23 de julho de 2012

Terra de gigantes

Cerca de 20% da delegação brasileira é formada por atletas cariocas ou que treinam diariamente na cidade. Alguns deles vão a Londres com possibilidades concretas de alcançar a glória olímpica 

 

Em meio a tantas obras e projetos espalhados de uma ponta a outra, o carioca já sente o gosto da Olimpíada que a cidade vai sediar daqui a quatro anos. Mas há um aperitivo e tanto no meio do caminho para ser saboreado. Na próxima sexta (27) acontece a cerimônia de abertura dos Jogos de Londres. A expectativa da organização é que os olhares de 4 bilhões de pessoas estejam voltados para estádios, arenas, quadras, piscinas, raias e pistas da capital inglesa, que recebe pela terceira vez o principal encontro esportivo do mundo. Nossa corrente estará direcionada para os 259 atletas brasileiros que vão marcar presença em trinta das 36 modalidades em disputa (só não teremos representação no badminton, nas ginásticas rítmica e de trampolim, no polo aquático, no hóquei sobre grama e em um tipo de ciclismo). Evidentemente, o coração vai bater ainda mais rápido por aqueles que vemos na praia, nas ruas e esquinas, sempre acompanhando suas conquistas. E não são poucos nessa condição. Nada menos que 20% da delegação é formada por atletas daqui, seja por terem nascido na cidade, seja por defenderem clubes do Rio. O levantador Bruninho, talento da nova geração do vôlei, se encaixa nos dois critérios. Recentemente, ele fechou contrato com o RJX, equipe bancada pelo bilionário Eike Batista, e está de volta à sua cidade natal, após sete temporadas em Florianópolis. Apesar da campanha claudicante que a seleção fez neste ano, o filho do técnico Bernardinho aposta na força da tradição. “Somos favoritos, ao lado de Estados Unidos, Polônia, Rússia e Itália”, avalia.

Ao longo desta reportagem, destacamos sete competidores brasileiros que são ligados à nossa cidade e têm boas chances de trazer medalhas na bagagem. Esforço certamente não lhes faltará. Observadores mais argutos testemunharam a rígida disciplina da dupla Fabiana Beltrame, campeã mundial de remo, e Luana Bartholo na preparação para a competição. De segunda a sábado, elas treinavam na Lagoa Rodrigo de Freitas, numa jornada que começava antes do alvorecer e se estendia até o pôr do sol. Outro exemplo de superação, a judoca Rafaela Silva, que viveu uma infância pobre na Cidade de Deus, está pronta para distribuir ippons entre adversários bem menos assustadores que os traficantes da favela. Com a mesma fibra, o ginasta Diego Hypólito quer sepultar a frustração da última edição, em Pequim, quando perdeu o ouro por um erro no fim de sua exibição. “Desta vez, não vou decepcionar”, promete. Que a dedicação de nossos representantes, cariocas ou não, seja recompensada com a glória olímpica.

Com a força da Camisa
De volta ao Rio após sete anos, o levantador Bruninho aposta na mística da Seleção Brasileira de Vôlei para surpreender os descrentes

Nos Jogos de Pequim, em 2008, a Seleção Brasileira de Vôlei Masculino vinha de uma campanha impecável que a credenciava como favorita absoluta ao ouro. O roteiro foi cumprido até a final, quando a equipe saiu derrotada pelo sexteto americano e amargou o segundo degrau do pódio. Ao contrário daquela ocasião, o caminho desta vez não foi brilhante, culminando com a precoce eliminação da Liga, em julho. Mas o histórico da seleção que mais venceu neste século, com seis títulos de nível mundial, restitui a esperança de uma grande participação em Londres. Afinal, os jogadores estão habituados a todo tipo de pressão, em especial o levantador Bruno Mossa de Rezende, o Bruninho. Chamado às pressas para o Pan do Rio, em 2007, para o lugar do levantador Ricardinho, cortado em cima da hora, ele teve de superar a desconfiança por ser filho do treinador Bernardinho. Por mérito próprio, não parou mais de ser convocado. “O Ricardo era um cara em quem me espelhava. Substituí-lo foi muito difícil”, lembra. Pela primeira vez, fã e ídolo agora estão juntos na seleção, que terá uma pedreira pela frente. “A disputa está muito parelha”, diz ele.

Carioca e torcedor do Botafogo, Bruninho gosta de ver com os amigos os jogos do Alvinegro. Solteiro, quando tem tempo - algo raro em sua rotina - ele vai a boates e bebe seu chope. Sempre que pode, viaja a Campinas para visitar a mãe, a ex-jogadora Vera Mossa. Depois de sete anos atuando em Florianópolis, Bruninho fechou contrato com o RJX, time bancado pelo bilionário Eike Batista e comandado por Bernardinho. “Voltar a morar no Rio é um desejo que consegui realizar”, afirma. Falta agora concretizar seu outro sonho: ser campeão olímpico.


Fonte: http://vejario.abril.com.br/edicao-da-semana/atletas-cariocas-olimpiada-londres-693705.shtml (materia completa com os demais atletas estão no link)
De: Sérgio Garcia, Ernesto Neves e Renan França | 25 de Julho de 2012

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